Description:
O presente artigo propõe uma revisão do 'consenso' em torno da fonologia da língua portuguesa, consenso esse que, partindo de uma leitura simplificadora da clássica análise de Mattoso Câmara Jr, permanece na base das abordagens da fonologia dessa língua que aparecem tanto em manuais como em obras especializadas, mesmo aquelas de corte não-linear ou otimalista. Este artigo busca verificar a possibilidade de aplicação de uma abordagem autossegmental com apoio em uma representação por geometria de traços em uma configuração bastante específica, desenvolvida pelo autor (D'Angelis 1998) a partir de intuições e propostas de Piggott (1992) e Rice (1993) para tratar processos envolvendo nasalidade e soanticidade em línguas indígenas brasileiras. Ao mesmo tempo, o texto recupera intuições de Trubetzkoy, da Fonologia de Praga, inspiradora daquela análise inaugural de Câmara Jr.