Description:
Este trabalho propõe rever e problematizar a relação de causalidade direta lesão-sintoma, pedra de toque do discurso organicista sobre as afasias. Tal problematização parte do reconhecimento de que a linguagem tem ordem própria, ou seja, leis de funcionamento que não se submetem às de outro domínio - no caso específico, às do funcionamento cerebral. Como fonoaudióloga e lingüista, questionada pelo sintoma afásico, pareceu-me incontornável promover um deslocamento da noção clássica e vigente dessa relação causal. Nesse sentido, aproximo-me de Freud (1891), primeiro "afasiologista" que fez render a suspeita de Jackson (1874) de que a relação lesão-sintoma não era de causalidade direta.