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Este artigo explora o papel que os valores, e um certo modo de vivê-los, pode ter para a consolidação da democracia no Brasil. Na primeira parte, mostra, com o auxílio de Charles Taylor, como a proposta de democracia deliberativa e procedimental de Habermas contempla as idéias de razão e interesse bem compreendidos, mas soterra a importância do ''sentimento bem compreendido'' - dos valores que a originaram historicamente. Na segunda parte, o artigo examina as grandes configurações expressivistas e não racionalistas de valores que conformaram a identidade brasileira - o barroco, o romantismo e o modernismo - e como esta tradição, e os valores que nela habitam, podem ser mobilizados para a nossa plena democratização e para a permanência dos próprios procedimentos democráticos.